[AVISO: esse post não tem nada a ver com o hebraico]
Em agosto, eu vou dar um módulo sobre Análise do Discurso no MDiv/STM do Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper. Segue abaixo um videozinho curto que fiz para dar mais informações sobre o curso.
AVISO: nosso post hoje será bem mais especializado e acadêmico (leia-se chato!). A razão disso é que estou trabalhando com a interpretação de Isaías 66.18-21 para parte da minha tese, e decidi publicar uma postagem sobre esse texto. Falhei esse alvo (terei que escrever a parte 2 do post outro dia), mas espero que esse post sirva como uma boa introdução à referência a participantes. Como sempre, comentem abaixo ou no nosso fórum no Facebook se você tiver perguntas ou críticas!
Nunca me esquecerei do choque cultural que tive ao ser convidado a um BBQ (“barbecue”, ou churrasco) americano. Já estava morando nos Estados Unidos um bom tempo, e um presbítero da minha igreja me convidou à sua casa para o tal “churrasco”. Ao chegar em sua casa, conversei com algumas pessoas e logo o presbítero, sabendo que eu era brasileiro e que sabemos de churrasco, me chamou para mostrar a carne que ele havia preparado:
Como seres humanos, conseguimos comunicar uns com os outros. Contudo, essa comunicação acontece por meio de uma linguagem que temos em comum. Muitas vezes, ao inserir uma palavra estranha numa frase, você torna o significado obscuro. Por exemplo, eu falo inglês e português, mas nem por isso vou inserir uma phrase in English no meio de uma frase em português, não é? Isso não faz sentido… Da mesma forma, muitas vezes percebemos inserções de grego e hebraico em sermões que são verdadeiros obstáculos à compreensão do mesmo.
Nesse post, continuamos a falar sobre usos do hebraico que devemos evitar nos nossos sermões (veja aqui o post anterior sobre o mesmo assunto). Afinal, não queremos repetir o erro de Calvin na tira abaixo!
Existem certas expressões em português que simplesmente não ouvimos mais. Talvez você conheça ou até já usou as seguintes frases, mas sabe que não fazem parte do nosso vocabulário:
Aquele homem é um pão!
Xispa, fora!
Só agora que a ficha caiu!
A experiência de uma ficha não entrar no telefone público é algo que simplesmente não existe mais, e a expressão que depende desse evento também caiu em desuso. Mas não são apenas avanços tecnológicos que mudam nossas expressões. Linguagens são fluidas, sempre mudando a cada geração, de tal maneira que, se conseguíssemos entrar numa máquina do tempo, seria difícil nos acostumarmos ao português quando se usava “Vossa Mercê” em vez de “você”! Linguagens mudam rapidamente.
Uma ficha de telefone do Estado de Israel no ano 1966. Você consegue decifrar a palavra na frente da ficha (טלפון)? Escreva abaixo nos comentários se você descobriu!
Você já imaginou como seria falar com Deus face a face? Creio que todos já pensamos nisso ao menos uma vez na vida, não? Quando leio textos como Êxodo 3, tento me colocar no lugar de Moisés, ali, diante de Deus, ouvindo sua voz, sentindo fisicamente sua santidade e, pela primeira vez na história da humanidade, ouvindo o nome de Deus!
Grande parte dos meus esforços exegéticos são para me aproximar mais a Deus através de sua palavra, a chegar o mais próximo o possível de conhecê-lo. Espero que o post de hoje possa te ajudar a fazer o mesmo!
Você já leu Os Lusíadas? Eu mesmo não sei se li toda a epopeia, mas me lembro de ler um pouco da obra quando estava no ensino médio e de me perguntar, “isso é português?!” Veja só duas estrofes da segunda edição do texto de 1572 na foto abaixo:
Os Lusíadas, primeira edição de 1572, que pode ser acessada aqui.
É claro que grande parte da dificuldade de se compreender o texto é porque ele foi escrito em uma forma poética, seguindo certo esquema de métrica e rima, etc. Contudo, a dificuldade de se compreender esse texto não é somente de gênero literário, mas também linguístico – o português de 1572 não é o mesmo de 2017. A escrita é diferente (por exemplo, não escrevemos “uma” mais como “hũa”), a gramática também foi alterada em certos aspectos, e até certos vocábulos foram adicionados e outros removidos do “banco de dados” do português. E isso em pouco menos de 450 anos de história da língua.
Imagina então a dificuldade de compreender e explicar a história de uma língua que possui, no mínimo, 3000 anos! Pois é isso mesmo que tentarei fazer neste e nos próximos posts sobre a história do hebraico bíblico. Vamos lá?
Tenho a bênção de ser pai de um casalzinho muito lindo: Joel, de dois anos e meio, e Laura, de 10 meses de idade. Ontem à noite estava brincando de pique-e-esconde com Joel e minha mãe, na casa dos meus pais. Estava conversando com meu pai, quando de repente ouvi a voz da minha mãe gritando de longe “Papai! Joel está escondendo! Vem nos encontrar!” Passei andando pelo jardim, chamando “Joee-eel! Cadê você?!” Ele, que escondia atrás do carro na garagem, respondeu “Estou aqui, Papai!” Nisso, minha mãe virou a ele, botou o dedo sobre a boca, e disse “Psiu! Psiu!” Eu continuei a chamá-lo, e de repente, ouvi uma nova resposta: “Estou aqui, Papai! Psiu! Psiu!”
Você já parou para pensar como uma montanha russa funciona? É difícil montar uma engenhoca que guia centenas de pessoas por dia por trilhas radicais que desafiam a morte sem resultar em acidentes. O carrinho de uma montanha russa não é motorizado, então todo o passeio tem que ser planejado com base na força g; isto é, na gravidade. Mas existem limites nesse jogo. Por exemplo, se o looping for fechado demais, a maioria dos passageiros sentirão náusea, mas se ele for aberto demais, o carrinho não terá a velocidade requerida para completar seu trajeto. E não é só isso. Várias coisas têm que funcionar do jeito certinho para o bom funcionamento de uma montanha russa: trilhos específicos, freios, a posição do eixo gravitacional dos passageiros em cada curva, cenário, etc. Cada elemento de uma montanha russa tem que ser organizado de forma específica para manter o funcionamento da mesma.
As montanhas russas Dragon Khan e Shambhala, na Espanha
A sintaxe é a combinação de regras e elementos para o bom funcionamento da montanha russa linguística. Cada linguagem tem uma sintaxe diferente, um conjunto de regras que explica como chegar do ponto A ao ponto B sem nenhuma colisão linguística.
Um bom tempo atrás ouvi uma piada que não me lembro (quando alguém começa assim, nota-se que essa pessoa é uma péssima contadora de piadas, não?). Mas o cerne da piada – deve ter sido piada de mineiro – se desenvolvia da seguinte maneira: uma pessoa perguntava à outra “Pó pô pó?” ao qual a outra respondia “Pó pô!” Como já estabeleci que sou um péssimo contador de piadas, e já que também nem contei toda a piada, vou quebrar a única regra inviolável ao se contar uma piada – vou explicá-la: “Pó pô pó?” nesse caso, é uma pergunta no português coloquial de algumas regiões no Brasil, que significa “Pode por o pó (café)?” ao qual a outra pessoa responde “Pode por”.