[AVISO: esse post não tem nada a ver com o hebraico]
Em agosto, eu vou dar um módulo sobre Análise do Discurso no MDiv/STM do Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper. Segue abaixo um videozinho curto que fiz para dar mais informações sobre o curso.
Bom, depois das minhas resenhas sobre a gramática de Rocine (veja a primeira aqui), decidi usá-la com meus alunos esse ano no IBEL. É claro que tivemos contra-tempos, como creio que toda instituição de ensino tem esses dias, mas conseguimos terminar o primeiro semestre.
Aqui está o remanescente dos alunos (tínhamos outros dois que não puderam comparecer no dia da foto). Não sei se a felicidade deles aqui registrada se deve ao aprendizado da língua ou à conclusão do semestre, mas imagino que a primeira opção está correta.
Segue abaixo então: 1) um resumo das aulas e da nossa experiência, 2) o bom, 3) o ruim, 4) o feio e 5) uma reavaliação da gramática de Rocine?
*Nota: para não reinventar a roda, copiei algumas coisas que já coloquei numa resenha um pouco mais formal que enviarei para a Fides Reformata. Mas essa resenha aqui no blog foi bem mais divertida de se escrever!
Algumas pessoas às vezes me perguntam, “Danillo, gostei das suas vídeo-aulas. Quando você vai publicar sua gramática de hebraico?”
Não é por preguiça, mas por desânimo, que não quero publicar mais uma gramática de hebraico. Não tenho muito interesse na multiplicação de gramáticas de línguas bíblicas. Em geral, minha resposta tem sido, “Pra quê? A roda já foi inventada e já existem várias gramáticas boas de hebraico em português, algumas delas traduzidas e outras até mesmo escritas por brasileiros. Não vejo necessidade de reinventar a roda. Mesmo que eu tenha algumas diferenças com essas gramáticas, é só usar a roda já inventada de uma forma um pouco mais eficiente. Não acho necessário escrever uma gramática nova.”
AVISO: nosso post hoje será bem mais especializado e acadêmico (leia-se chato!). A razão disso é que estou trabalhando com a interpretação de Isaías 66.18-21 para parte da minha tese, e decidi publicar uma postagem sobre esse texto. Falhei esse alvo (terei que escrever a parte 2 do post outro dia), mas espero que esse post sirva como uma boa introdução à referência a participantes. Como sempre, comentem abaixo ou no nosso fórum no Facebook se você tiver perguntas ou críticas!
Tenho a bênção de ser pai de um casalzinho muito lindo: Joel, de dois anos e meio, e Laura, de 10 meses de idade. Ontem à noite estava brincando de pique-e-esconde com Joel e minha mãe, na casa dos meus pais. Estava conversando com meu pai, quando de repente ouvi a voz da minha mãe gritando de longe “Papai! Joel está escondendo! Vem nos encontrar!” Passei andando pelo jardim, chamando “Joee-eel! Cadê você?!” Ele, que escondia atrás do carro na garagem, respondeu “Estou aqui, Papai!” Nisso, minha mãe virou a ele, botou o dedo sobre a boca, e disse “Psiu! Psiu!” Eu continuei a chamá-lo, e de repente, ouvi uma nova resposta: “Estou aqui, Papai! Psiu! Psiu!”
Você já parou para pensar como uma montanha russa funciona? É difícil montar uma engenhoca que guia centenas de pessoas por dia por trilhas radicais que desafiam a morte sem resultar em acidentes. O carrinho de uma montanha russa não é motorizado, então todo o passeio tem que ser planejado com base na força g; isto é, na gravidade. Mas existem limites nesse jogo. Por exemplo, se o looping for fechado demais, a maioria dos passageiros sentirão náusea, mas se ele for aberto demais, o carrinho não terá a velocidade requerida para completar seu trajeto. E não é só isso. Várias coisas têm que funcionar do jeito certinho para o bom funcionamento de uma montanha russa: trilhos específicos, freios, a posição do eixo gravitacional dos passageiros em cada curva, cenário, etc. Cada elemento de uma montanha russa tem que ser organizado de forma específica para manter o funcionamento da mesma.
As montanhas russas Dragon Khan e Shambhala, na Espanha
A sintaxe é a combinação de regras e elementos para o bom funcionamento da montanha russa linguística. Cada linguagem tem uma sintaxe diferente, um conjunto de regras que explica como chegar do ponto A ao ponto B sem nenhuma colisão linguística.
Um bom tempo atrás ouvi uma piada que não me lembro (quando alguém começa assim, nota-se que essa pessoa é uma péssima contadora de piadas, não?). Mas o cerne da piada – deve ter sido piada de mineiro – se desenvolvia da seguinte maneira: uma pessoa perguntava à outra “Pó pô pó?” ao qual a outra respondia “Pó pô!” Como já estabeleci que sou um péssimo contador de piadas, e já que também nem contei toda a piada, vou quebrar a única regra inviolável ao se contar uma piada – vou explicá-la: “Pó pô pó?” nesse caso, é uma pergunta no português coloquial de algumas regiões no Brasil, que significa “Pode por o pó (café)?” ao qual a outra pessoa responde “Pode por”.
[Uma postagem rápida que tem pouco a ver com o hebraico]
Então pessoal, estarei em São Paulo do dia 20 a 24 de março para ensinar um curso modular no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper sobre análise do discurso. Infelizmente para a maioria dos leitores deste blog, o curso não focará na análise do discurso aplicada ao hebraico bíblico, mas ao grego. Se mesmo assim você tem interesse, veja a página de inscrição aqui.
Manuscrito Alexandrino de Filipenses. O módulo usará o texto de Filipenses como base para a prática da análise do discurso.
O título é um pouco enganador. Não vou falar sobre a área de análise de discurso como é conhecida nos ramos acadêmicos brasileiros. No nosso país, adotamos um sistema de análise francês direcionado, em grande medida, a estudos relacionados à mídia e suas ideologias (sócio-políticas, religiosas, filosóficas, científicas, etc.). Já no mundo dos estudos bíblicos, a análise do discurso está voltada, é claro, para o texto da Bíblia. Assim, a análise do discurso que nos interessa é mais informada pela linguística e hermenêutica do que pela filosofia.
Poderíamos falar de vários linguistas bíblicos antes de 1916 (os mais importantes ou mais influentes linguistas do hebraico antes da fase moderna incluem os Massoretas, Orígenes, e Jerônimo), mas a cena linguística mudou completamente com Ferdinand de Saussure e seu Curso de Linguística Geral. Saussure, na verdade, morreu em 1913, mas o curso que ensinou (apenas 3 vezes!) na Universidade de Genebra foi publicado através de uma restauração e compilação das notas de seus alunos em 1916.