Hebraico para Iniciantes: Orações “sem verbo”

Sei que não tenho escrito muito ultimamente… A vida é bela, mas o tempo é escasso. Portanto, como:

  1. os posts que coloco na categoria “Gramática em Foco” são mais avançados,
  2. não tenho, atualmente, muito tempo para gastar escrevendo posts mais avançados,
  3. eu sei que a maioria da minha audiência ainda é novata nos seus estudos de hebraico,

decidi criar uma nova série de posts mais simples sobre algumas partes da língua hebraica que todo iniciante precisa saber. Veja bem! Não vou escrever um post simples no sentido em que ninguém mais poderá se beneficiar dele, mas vou escrever algo mais aprofundado sobre um elemento que você talvez estudou (ou está estudando) no seu primeiro ano de hebraico que pode ser um tanto confuso ainda. Em outras palavras, isso aqui não será uma aula de hebraico! Mas espero esclarecer essas partes fundamentais da língua hebraica por aqui e talvez ajudar alguns seminaristas, pastores, e demais alunos da língua hebraica.

Hoje, o tópico da vez é a oração “sem verbo”, uma das partes mais básicas e abundantes da língua hebraica.

Veja alguns exemplos abaixo:

Note que, em minhas traduções acima, forneço o verbo “ser” ou “estar” para cada exemplo, mas ele não está presente no texto hebraico em si. Como assim? Por que isso acontece? Vamos dar uma olhada nessa parte da gramática hebraica?

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Gramática em foco: contrastes de בִּנְיָנִים em 2 Cr 20.20 e Is 7.9

E aí? O que você chama essa raíz aí embaixo? Macaxeira? Aipim? Mandioca? E esses são só os nomes brasileiros! Em certos lugares da América do Sul chamam de yuca. Já em países de fala inglesa, chamam de cassava. Palavras são importantes, mas às vezes encontramos vários nomes diferentes para a mesma coisa, e é necessário saber sobre o que estamos falando…

Quer saber o que a mandioca, Optimus Prime, e o hebraico tem a ver um com o outro? Leia abaixo!
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Os tradutores erraram? ראה em Gênesis 22.8 e 14

Tradução é um trabalho difícil. No processo de tradução, é necessário ter duas estruturas linguísticas ativadas ao mesmo tempo em sua mente – a estrutura da língua-fonte e a estrutura da língua-alvo. Além do mais, nesse processo, os melhores tradutores conseguirão traduzir não somente vocábulos sinônimos da língua-fonte, mas conseguirão transmitir também as nuances da pessoa que está falando. Por exemplo, qual é a melhor tradução de “what’s up” em inglês para o português? Seria “tudo bem”? “fala mano”? “oi”? Claro que nunca “o que está para cima?”! No caso, as primeiras poderiam ser traduções viáveis, mas nem todas transmitem a nuance correta do seu contexto. É por isso que léxicos, dicionários bilíngues, ou softwares nunca serão capazes de fazer uma tradução “perfeita”. É por isso também que nós buscamos aprender o hebraico bíblico; isso é, para compreender algumas pequenas nuances que poderão passar desapercebidas apenas ao ler uma tradução ou Bíblia interlinear.

Quero falar hoje sobre um texto que apresenta certas dificuldades na sua tradução e explicar 1) porque os tradutores das nossas bíblias em português tomaram as decisões que tomaram e 2) como o conhecimento da língua-fonte do texto bíblico (no caso de hoje, o hebraico) pode aprofundar nossa apreciação de certas palavras em Gênesis 22.

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Um pequeno estudo da palavra פֶּרֶשׁ

ELE ESTÁ VIVO!”
Frankenstein (1931)

Oi Pessoal!
Voltei à vida do blog! Sumi da internet por alguns meses por causa de várias coisas. Fizemos uma mudança internacional, minha filha teve um problema sério de saúde (graças a Deus ela está bem agora, mas ainda precisa de acompanhamento médico regular), começei um emprego novo (na verdade, três!), e, além de vários outros compromissos, resta-me ainda escrever um último capítulo para minha tese de doutorado. Portanto, espero que compreendam a queda em produção (ou ausência da mesma) nesses últimos meses!

Enfim… era só isso mesmo que eu queria dizer. Mas para não te deixar sem nenhum gostinho de “hebraico”, vai aqui um pedacinho de conhecimento hebraico com o qual me deparei alguns dias atrás…

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Como usar o hebraico para preparar um sermão, parte 1

Você já teve uma fratura exposta? Já viu em outra pessoa? Aposto que naquele momento, ninguém parou para observar a beleza branca do osso exposto, nem para admirar a elegância da estrutura óssea, muito menos para ponderar a perfeição do esqueleto humano. Naquela hora, talvez alguns desmaiaram, outros ligaram para o hospital, certamente alguém gritou, mas ninguém disse, “que osso bonito você tem!”.

Só de ver isso já me dá arrepios!

Da mesma forma, como já enfatizei nos posts anteriores desta série, o hebraico deveria ficar escondido, por trás da superfície e do corpo do sermão que você apresentará à sua congregação. Assim como o esqueleto serve como uma estrutura sólida sobre a qual os músculos, órgãos e pele se ajeitam, o hebraico e grego formam o suporte de todo o seu sermão. Mas não permita que esse esqueleto seja exposto à congregação!

Contudo, precisamos sim de um esqueleto, e um esqueleto forte, sobre o qual carregaremos o peso das palavras de Deus à congregação. Assim, no post de hoje, quero desenvolver algumas dicas de como usar o hebraico na preparação de um sermão.

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Incongruência na Bíblia? Êxodo 6.3 e o nome de Deus

Nosso post hoje tem uma inclinação apologética. Sempre existem e sempre existirão perguntas que os cristãos devem responder tanto para sanar suas próprias dúvidas quanto para defender sua fé diante daqueles que a confrontam. A pergunta que responderei hoje diz respeito a possíveis incongruências na Bíblia. Ela veio a mim indiretamente por um muçulmano que queria demonstrar que a Bíblia não é inspirada.

Vejam a pergunta e resposta abaixo:

Jefferson Bible

Página 65 da Bíblia de Thomas Jefferson. Ele extraía palavras e versículos que considerava incorretos (inclusive referências ao sobrenatural, milagres, a ressureição, etc).

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Estudo Léxico: הלך no Hithpael

Então, você já manja o hebraico bíblico básico, já conhece os troncos e conjugações verbais, consegue fazer uma boa análise verbal e até comprou o BibleWorks, Logos ou adquiriu outro software bíblico. E agora? O que faz com isso? Como pôr o hebraico em prática? Afinal, de que vale todo o conhecimento do hebraico se não podemos pô-lo em prática?

hebraicoelementar

Em um post anterior, eu disse que desenvolveria algumas ferramentas linguísticas e da análise do discurso. Bom, demorei, mas cheguei!

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Hebraico e Cultura: Línguas semíticas e mentalidade semítica?

Nunca me esquecerei do choque cultural que tive ao ser convidado a um BBQ (“barbecue”, ou churrasco) americano. Já estava morando nos Estados Unidos um bom tempo, e um presbítero da minha igreja me convidou à sua casa para o tal “churrasco”. Ao chegar em sua casa, conversei com algumas pessoas e logo o presbítero, sabendo que eu era brasileiro e que sabemos de churrasco, me chamou para mostrar a carne que ele havia preparado:

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Como NÃO usar o hebraico no sermão, parte 1

Tenho um filho de três anos de idade que adora estórias. Uma de suas estórias favoritas é a de Chicken Little. Aliás, refiro-me à fábula de Chicken Little, não o filme (que tem pouco a ver com a fábula original). Nessa estória, uma bolota cai de uma árvore na cabeça de Chicken Little, que imediatamente corre a todos os outros pássaros que ele conhece e diz, “O céu está caindo! O céu está caindo!” Sua empolgação acaba incitando todos os outros pássaros ao pânico – é o fim do mundo! No seu pânico, os pássaros deparam com uma raposa astuta, que os leva à sua casa com promessas de segurança, onde sua família está pronta para o banquete!

Moral da estória: uma empolgação equivocada pode matar!

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Tem pouca coisa melhor no mundo do que os filhos sentarem no seu colo para ouvir uma estória!

De forma semelhante à empolgação de Chicken Little, é fácil ficar tão empolgado com o hebraico (ou com noções erradas do hebraico) que levamos nossas congregações a erros graves na sua caminhada com Cristo.

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