A blogoesfera cristã em inglês está explodindo com as novas desta semana passada: Dr. Randall Price, um arqueólogo e professor do AT, encontrou uma nova caverna de Qumrã. Assim, decidi compartilhar as novas em português também!

A última caverna de Qumrã (a décima-primeira) foi descoberta em 1956. Poucos arqueólogos esperavam econtrar mais indícios dos Essenos e outros moradores de Qumrã agora, 60 anos depois, mas Dr. Price encontrou! Fascinante!
Infelizmente, o pergaminho acima foi o único econtrado na caverna, e não há nada escrito nele! Aparentemente, a Caverna 12 já havia sido saqueada antes da vinda dos arqueólogos (Tomb Raider! Imagine um “Lara Croft” macho, beduíno, e provavelmente adolescente sem semelhança alguma de Angelina Jolie, correndo pra casa com textos valiosíssimos para vender num Bazar juntamente com as falsificações do seu irmão…). Porém, vários cacos importantes foram econtrados, e alguns outros indícios do estilo de vida dos eremitas do deserto da Judéia, como o pano abaixo, utilizado para embrulhar pergaminhos e preservá-los.

A despeito da escassez dessa descoberta, o simples fato que outra caverna foi econtrada traz esperança para outros achados semelhantes.
A Importância de Qumrã
Se você não estuda essas coisas, provavelmente já ouviu falar de Qumrã, mas não sabe por que as cavernas são importantes ou como nossos achados nelas ajudam nosso estudo do AT ou NT. Segue abaixo então um resumo:
- A maior importância das cavernas de Qumrã vem dos quase 1000 manuscritos do mar Morto que foram encontrados nelas e na sua vizinhança.
- Antes da descoberta dos manuscritos do mar Morto, nosso texto do AT (em hebraico) mais antigo havia sido escrito no século 10 d.C.. Alguns manuscritos de Qumrã datam ao século 2 a.C., um milênio antes! E, em geral, esses textos tinham pouquíssimas mudanças ao texto que já tínhamos, mostrando que o texto bíblico foi bem preservado por vários séculos.
- Vários grupos habitaram essas cavernas, desde mais ou menos 200 a.C. até mais ou menos 100 d.C., mas a maioria deles eram grupos sectários – isso mesmo – seitas judias. Isso pode parecer estranho, mas essas seitas eram um pouco diferente de muitas que ouvimos falar hoje em dia. Eles estavam mais focalizados na seclusão com fins de preservação de uma comunidade “pura” do que em um líder carismático (e doido), alienígenas, halucinações, suicídio em massa, etc.
- Assim, os escritos comunitários (isto é, não suas cópias da Bíblia, mas regras da comunidade e outros escritos próprios dos moradores de Qumrã) dos Essenos nos ajudam a compreender o judaismo existente durante o tempo de Jesus e dos primeiros crentes.
- Uma coisa interessante é que alguns dos textos dos Essenos mostram interpretações do AT que esperavam a vinda de uma Messias que seria rei e sacerdote, liderando os justos em guerra contra os ímpios, entre várias outras ideias bem semelhantes a o que econtramos no NT. Alguns (maus) teólogos dizem que isso mostra que o NT não é original, mas essa hipótese é absurda e cheia de falhas lógicas (e arqueológicas). Na verdade, isso mostra que haviam comunidades de judeus que haviam entendido que o AT apontava:
- Para a vinda de um Messias que seria rei e sacerdote
- Para o começo de uma nova era que seria consumada com os novos céus e nova terra (isto é, uma escatologia que já havia sido inaugurada, mas faltava ser consumada)
- Para a hipocrisia da suposta “puridade” judia (isto é, Fariseus, Saduceus, etc.) nos seus dias
[Só para esclarecer, não digo que os Essenos eram “meio-crentes” ou nada assim. Longe de mim! Apenas quero mostrar que haviam vários “judaísmos” existentes no tempo de Jesus, alguns mais próximos da verdade em algumas áreas, e outros mais longes. De qualquer modo, qualquer um que não havia aceitado a Jesus como o Messias prometido AT continuava na escuridão.]
Excelente! Obrigado por compartilhar conosco. Sempre acompanhando…
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Obrigado, Thiago! Espero postar com mais frequência esse ano…
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